quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Biologia Titã: O Shin Godzilla evolui?






Shin Godzilla (シン・ゴジラ; Shin Gojira) conhecido internacionalmente como Godzilla: Resurgence, é um dos novos reboots da franquia Godzilla, que estreou em Julho de 2016, escrito dirigido pela dupla Hideaki Anno e Shinji Higuchi. O filme além trazer nova origem personagem faz referência ao catastrófico acidente nuclear de Fukushima I e ao terremoto e tsunami de Tohoku em 2011.


A grande novidade do filme é que o próprio Godzilla foi reinventado com um ser em constante mutação, evoluindo para conquistar o ambiente terrestre, rumo á se tornar um organismo indestrutível e tudo devido aos efeitos de rejeitos radioativos despejados no oceano.

Isso se inicia quando a guarda costeira do japonesa investiga um iate abandonado na baía de Tóquio; a embarcação é destruída e a baía inundada. Depois que um vídeo do incidente se espalha pela internet, o governo japonês descobre que o ataque está por trás de uma enorme criatura marinha que, mais tarde, invade o Japão causando enorme destruição enquanto seu próprio corpo cresce e sofre modificações para se adaptar ao ambiente terrestre.

Mas o que acontece com o Shin Godzilla seria mesmo uma evolução?

Bom, pra começo de conversa para sabermos se isso acontece com o Shin é  necessário que o nosso lagartão zarolho se enquadre em três itens fundamentais necessários para que um organismo possa de fato evoluir, como proposto pela Teoria Evolutiva, desenvolvida pelo biólogo naturalista inglês, Charles Darwin. São eles:


1. Pequenas diferenças entre os indivíduos de uma população: 

Este é um fator determinante para o começo de tudo. Uma corpo robusto, uma pele mais dura, dentes mais afiados, placas grandes são o pontapé inicial para evolução dentro de uma população fictícia de Godzillas da mesma espécie e podem representar uma vantagem para ele seja pra obter comida, disputar território, ser mais atrativo para uma fêmea, etc.



2. Vantagem reprodutiva: 

Além de beneficiar sua sobrevivência, as características do Shin devem lhe trazer sucesso reprodutivo transmitindo-as para seus descendentes. Esse é o fator-chave, pois o Godzilla que faz mais filhotes têm maior chance de passar suas características pré-evolução pra próxima geração.




3. Transmissão hereditária (de pai para filho!): 

Se as características genéticas do Shin lhe trouxerem vantagens no meio ambiente e ele então conseguir se reproduzir, seus filhotes as herdarão e as aperfeiçoaram com o passar das gerações – a verdadeira evolução biológica em curso.




O grande problema é que além de não ser o foco total do filme, o próprio Shin, assim como a maioria das encarnações de Godzilla, é mostrado como sendo uma criatura única de sua espécie não havendo populações para ocorrer fluxo genético e transmissão de suas características. No filme é proposto que ele passa por diversas mudanças anatômicas para se adaptar ao ambiente terrestre e isso está mais próximo de uma METAMORFOSE do que uma evolução real. Se compararmos o desenvolvimento do Shin Godzilla com o de um anfíbio, uma rã, a primeira forma aquática do monstro corresponderia a um girino; a segunda forma, o Kamata-Kun equivale ao girino que desenvolve os membros posteriores e parte dos membros anteriores; a terceira fase, o Shinagawa-Kun seria uma um jovem com todos os membros completamente formados e onde ocorre a regressão das guelras, passando a ter a respiração principalmente pulmonar e finalmente a quarta fase, Shin Gojira representada pelo indivíduo adulto. E em cada uma dessas etapas o corpo do animal sofre alterações físicas e químicas a nível de celular, de modo a adaptá-lo na mudança do ambiente aquático para o terrestre.


A metamorfose é comum em muitos animais e refletem parte de seu desenvolvimento, de seu ciclo de vida, onde os adultos tendem a ser completamente diferentes de suas formas larvais. A partir daí pode-se concluir então que a primeira forma do Shin era um neonato (recém-nascido) e a forma final é a adulta em fase reprodutiva. Inclusive se o Shin fosse baseado no axolotle ele poderia ficar na forma de Kamata-Kun durante toda vida, pois essa espécie de salamandra é capaz de se reproduzir ainda no estágio larval e permanecer nessa forma. Falando em reprodução, é abordado no filme que o Shin se reproduz assexuadamente, por propagação. Mesmo assim a variabilidade genética seria baixa e seus descendentes seriam praticamente clones do Shin original.

Então podemos concluir que esta “evolução” do Shin Godzilla nada mais é que etapas de seu desenvolvimento e amadurecimento e isso não o torna menos interessante, pelo contrário, ainda traz esse realismo dos animais de nosso cotidiano. E pra não dizer que o nosso lagarto zarolho não tem nada de evolução, não se esqueçam que a metamorfose nada mais é que um resquício que nos mostra como os animais vertebrados transcenderam das águas e  dominaram o ambiente terrestre.



 E também nada impede que sua prole de Zillers humanóides possam derivar numa nova espécie, seguindo os passos da evolução biológica. Quem sabe um próximo filme nos dirá…


Esperamos que tenham gostado, em breve abordaremos mais sobre a biologia dos monstros borrachudos do Japão! Aguardem!


Um comentário:

  1. Texto bem legal, essa "evolução" se assemelha bastante à forma que os Pokémon mudam com seu desenvolvimento, "metamorfose" funciona bem mais nesses casos.

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