terça-feira, 18 de agosto de 2020

A Biologia da Indominus Rex

Monstros Assombrosos do Cinema by MHD | Indominus Rex | Magazine.HD


Jurassic World foi o primeiro de uma nova trilogia reboot da clássica franquia Jurassic Park, de Steven Spielberg. O longa, estreado em 2015, dirigido por Collin Trevor, rendeu um grande sucesso de bilheteria e trouxe os dinossauros de volta á mídia e ao imaginário de diversas gerações que acompanhavam a franquia  desde suas raízes, no Jurassic Park de 1993.
Uma das novidades de Jurassic World não foi somente mostrar o parque dos dinossauros finalmente aberto ao público no maior estilo Disneylândia mas como também trazer um novo vilão que colocaria a vida de todos visitantes em perigo: o primeiro dinossauro geneticamente modificado, o abominável Indominus Rex!

Ou melhor dizendo, a Indominus, uma vez que animal do filme é mostrado como sendo uma fêmea (assim como a grande maioria dos dinossauros vivem no parque). Essa verdadeira quimera criada pelo geneticista-chefe da InGen, Dr. Henry Wu, mesclando DNA de várias espécies de dinossauros e animais modernos, foi destinada para ser a nova atração do parque que estava passando por momentos difíceis com uma drástica queda no faturamento anual. No entanto, no decorrer do filme é mostrado que haviam planos maiores para o híbrido do que simplesmente ser uma mera atração ao público. Mas como o papo aqui é biologia, vamos ver se um animal híbrido como a Indominus seria possível e como suas características e habilidades poderiam ir muito além do que é mostrado no filme.
Embarque conosco caro leitor e vamos destrinchar os segredos do DNA da Indominus até a última molécula.




UM HÍBRIDO DE VÁRIAS ESPÉCIES É POSSÍVEL?
Na biologia um híbrido é definido como o resultado do cruzamento entre variedades, gêneros ou espécies diferente de seres vivos que pode ser de modo natural ou artificial (com a mão do ser humano no meio!). Um exemplo clássico de híbridos são a mula, resultante do cruzamento de um asno (jumento) com uma égua. E o peixe tambacu, vindo do cruzamento dos peixes pacu e tambaqui. Do mundo vegetal temos, por exemplo, a banana, híbrido de várias espécies do gênero Musa, e a laranja que é um híbrido de plantas do gênero Citrus, assim como o limão.
 Exemplos de animais híbridos

No caso dos animais, o híbrido provém do cruza de duas espécies diferentes cuja prole herda características de ambos os progenitores (pais). Para que isso possa acontecer e o nascimento seja viável é necessário que as espécies sejam próximas, mesmo sendo diferentes entre si. Por exemplo, o tigre e o leão são capazes de produzir dois tipos diferentes de híbridos, o ligre e o tigreão, devido ao fato de serem espécies de felinos muito próximos, da mesma família e gênero (Felidae, Panthera) apesar de serem espécies distintas. Outro exemplo são o pavão e a galinha d'angola que embora sejam de gêneros e famílias diferentes , ainda são próximos o suficiente para gerar um híbrido, sendo o caso mais extremo. Vale lembrar que os híbridos geralmente são estéreis, mas existem casos em que alguns são férteis e podem cruzar com as espécies que os originaram, formando linhagens híbridas. Um exemplo é a rã verde, um híbrido natural de duas espécies de rãs e muito comum nos rios e lagos da Europa.

Já espécies de animais muito distantes, como uma onça e um lobo-guará, seria um cruzamento impossível de se realizar dado a serem espécies que se separam no decorrer da evolução a ponto de se tornarem incompatíveis. E é esse o problema que trazemos para o Indominus Rex, que é fruto de várias espécies de dinossauros, algumas próximas entre si, como os abelissaurídeos (carnotaurus, majungasaurus, rugops) e outras muito distantes, como Therizinosaurus, Giganotosaurus, T-REX, Velociraptor, fora os animais modernos usados em sua criação como a sépia, que é um molusco invertebrado, ou uma perereca, vertebrado que não tem parentesco direto com os dinossauros.

Focando nos dinossauros que fazem parte do DNA da Indominus, vemos que apesar de todos serem terópodes,  as espécies pertencem a linhagens diferentes com milhões de anos de separação durante sua evolução. Mesmo que esses dinossauros fossem recriados por clonagem no ambiente do Jurassic World, a distância evolutiva de seus antecessores já seria o suficiente para torná-los pares incompatíveis e o cruzamento inviável.

Árvore filogenética da origem dos dinossauros terópodes


Entretanto relembrando as palavras do próprio Dr. Wu: “A Indominus não nasceu, ela foi projetada”, já se têm a ciência que a Indominus foi criada pela técnica de clonagem in vitro, dentro dos laboratórios da InGen assim como todos os outros dinos clonados para o parque. Realizando o cruzamento artificial entre o genoma das espécies o problema da incompatibilidade ainda seria o mesmo, fora que haveria grandes chances da célula não gerar um embrião viável uma vez que a mutação numa célula que altere seus cromossomos geralmente é perigosa e fatal á mesma, levando a inatividade ou mesmo á morte do embrião.


 CONSTRUINDO A INDOMINUS REX

Apesar de todos os problemas citados acima, suponhamos que fosse possível (forçando bem a barra!) misturar genoma de diferentes animais e que, com o conhecimento adquirido com a clonagem dos primeiros dinossauros e o avanço dessa tecnologia desde o primeiro Jurassic Park, e principalmente, após algumas tentativas fracassadas do Dr. Wu, o híbrido finalmente fosse criado. A célula embrionária doadora provavelmente seria do T-Rex que é a base genética do híbrido e nela seriam implantados partes dos genes das células de outros dinossauros, animais extintos e viventes, sendo essa a fase crucial para fazer a mistura genética pois durante a divisão da célula o núcleo é desfeito e se houver mais DNA presente ele pode ser incorporado ao genoma. Do ponto de vista genético, Indominus Rex seria uma verdadeira quimera! Durante o desenvolvimento, os genes de cada espécie são ativados e desenvolveriam os traços característico do  Indominus  tal como garras alongadas, chifres, as osteodermas da pele, dentes, etc. que abordaremos mais adiante no decorrer do artigo.


DESCRIÇÃO

A Indominus Rex, apesar de ter a base genética do Tyrannosaurus, fisicamente se assemelha mais a um dinossauro da família Carcharodontosauriadae tal como Mapusaurus ou Giganotosaurus (este último também foi usado em sua hibridação) se diferindo por alguns traços herdados dos outros dinossauros utilizados em sua criação.

- Cabeça e maxilas:

A cabeça da Indominus têm traços distintos, sendo alongada como a do Giganotosaurus, larga e robusta como a do Tyrannosaurus e arredondada na região do focinho com alguns calos ósseos e rugas escamosas provenientes do DNA de abelissaurídeos tal como o Rugops, Majungasaurus, Carnotaurus, Pycnonemosaurus, Viavenator e Quilmesaurus que foram usados em sua hibridação. Outro traço dos abelissaurídeos herdado pela I-rex são o par de chifres acima dos olhos, característico do Carnotaurus e Majungasaurus, chifres esses que poderiam crescer ainda mais caso o híbrido atingisse seu tamanho máximo e seriam usados para combate ou até parra derrubar grandes presas e para própria proteção. 


Apesar da ossificação reforçada da cabeça da Indominus, o osso não aguentaria um golpe certeiro da clava da cauda de um anquilossauro e o filme poderia ter terminado muito mais cedo he he he!


As mandíbulas da I-rex são alongadas e robustas, em formato de “U”,  com dentes meio curvados, vindos do DNA do Tyrannosaurus. As maxilas tem tamanho desigual, sendo a inferior mais longa e proeminente, um defeito genético. Os dentes estão dispostos em diversas direções e de maneira exposta mesmo com o animal de boca fechada, característica vinda do DNA do Deinosuchus, um gigantesco crocodilo extinto do Cretáceo. Somado á potência desses dois predadores, a I-rex herdou uma mordida devastadora e descomunal, capaz de  não só destruir a girosfera (veículo usado para transporte dos visitantes em meio aos dinos) com vidro á prova de balas e quebrar o pescoço de um anquilossauro com um simples movimento, como também poderia partir um carro ao meio sem dificuldades. A Indominus também consegue abrir a boca em um ângulo de 90°, mais do que qualquer dinossauro terópode clonado pela InGen e isso se deve ao DNA de víbora presente em seu genoma. Serpentes como jararacas e cascavéis conseguem ter uma abertura bucal no ângulo de 150 a 180° o que permite grandes presas ou até mesmo ovos, nos casos das espécies menores.


Entretanto, apesar das características apontarem para uma mordida avassaladora, vimos que a  I-rex possui uma anatomia parecida com a de um dinossauro carcarodontossaurideo. Se ele fosse parecida com o Giganotosaurus, com mandíbulas e crânio alongados, sua potência de mordida não seria tão poderosa quanto á do T-rex. A mordida do Gigantosaurus tinha uma potência de aproximados 13.200 newtons (equivalentes a 1.346,020 kg) enquanto a do T-rex eram de assustadores 64.000 newtons (mais de 6 toneladas). Os ligamentos frouxos dos ossos que permitem que a I-rex tenha uma grande abertura das mandíbulas não proveriam a mesma potência que os ossos robustos e fixados do predador norte-americano. Isso significa que a Indominus teria muito mais problemas com as pesadas mordidas da Rexy, do que realmente vemos no filme.


- Membros:

A I-rex possui braços fortes e longos herdados do DNA de Therizinosaurus e Velociraptor. As mãos possuem três dedos com o dedo médio longo ambos dotados de garras longas e semicurvas traços herdados do Therizinosaurus, dinossauro que possuía as maiores garras do reino animal, com cerca de 1 metro de comprimento. Um bizarro quarto dedo opositor na mão do Indominus Rex é semelhante ao polegar encontrado nos primatas e têm origens desconhecidas, pois nenhuma espécie de dinossauro descoberta possui dedos polegares opositores.




As garras terríveis da Indominus Rex poderiam ferir gravemente e causaram feridas profundas no T-rex durante a batalha final no Jurassic World e vários golpes foram capazes de matar saurópodes de gigantes como Apatosaurus. Uma única patada foi o suficiente para virar uma caminhonete, quando a I-rex escapou do seu recinto e com certeza teria matado a Velociraptor Blue que foi atingia em cheio, durante a batalha final. Além disso a Indominus possui certa habilidade manual com a ajuda do polegar opositor que a permite segurar objetos ou até mesmo um humano e arremessá-lo contra uma árvore e as mãos e braços longos permite que ela assuma posições quadrúpedes e mantenha o equilíbrio, permitindo também que ela se abaixe e se esgueire com maior facilidade (como na cena da cachoeira).


A Indominus possui pernas fortes e musculosas capazes de não só sustenta seu enorme peso mas também lhe permite correr a uma velocidade de 50 km/h, a mesma velocidade estimada para o Giganotosaurus. Mas essa é a informação oficial que ela atinge confinada em seu recinto, em liberdade talvez ela pudesse correr ainda mais rápido e com a ajuda do DNA de Carnotaurus ela poderia alcançar 56 km/h. Os pés da Indominus também garras afiadas e grandes, provavelmente originadas na mescla do DNA de T-rex e Velociraptor. Isso significa que até um chute bem aplicado da I-rex poderia ferir gravemente ou até matar dependendo de que região atingisse ou até mesmo o tamanho do alvo.

- Tamanho:

No filme, Indominus não atingiu seu tamanho máximo, sendo uma sub adulta com 12,3m de comprimento. Segundo o próprio Wu, a I-rex atingiria um tamanho ainda maior com 15 metros de comprimento quando totalmente crescida.

Seu tamanho foi herdado do DNA do Giganotosaurus, que é o segundo maior terópode conhecido com 13,2 m(nas maiores estimativas) embora alguns espécimes de Tyrannosaurus, como Scotty, rivalizem em tamanho. Surpreendentemente nenhum desses dinossauros atingiu 15m de comprimento até onde se sabe e o tamanho exagerado da I-rex pode ser explicada baseando-se em outro híbrido de dois animais modernos muito conhecido: O Ligre.

Ligres são híbridos resultantes do cruzamento de tigres e leões em cativeiro, especificamente de um leão macho com uma tigresa e quando adultos atingem um tamanho maior que seus pais . Um grande leão mede de 2 a 2,5m enquanto um tigresa pode chegar  de 2 a 2,2m (fêmeas são menores) porém um ligre macho pode atingir 3,3m (como o Hércules maior felino em cativeiro de acordo com o Guiness World Records) ou mais. E esse tamanho exagerado do ligre se deve ao genes de crescimento vindos de ambos os pais mas sem o gene que controla o tamanho que no caso do leão, tem origem materna (vem da leoa) e no tigre é paterna (tigre macho) tanto que o cruzamento inverso tigre x leoa que gera o híbrido tigreão; o animal tem o tamanho semelhante ao dos pais pois herda os genes limitadores de crescimento de ambos.


No caso da Indominus, podemos observar que os genes de crescimento do Giganotossauro aliados aos do tiranossauro e sem o gene controlador pode ter sido outro fator responsável pelo seu tamanho gigante em comparação á essas duas espécies.

Indominus também cresceu em um ritmo acelerado, pois sua criação data desde 2012 e em 2015 quando ocorre os eventos de Jurassic World,  o híbrido cresceu ao tamanho subadulto, com 12,2 m de comprimento, aos três anos de idade. Tanto o crescimento quanto o metabolismo acelerado do híbrido se devem justamente ao DNA de sépia utilizado  seu genoma, pois estes moluscos tem uma taxa de crescimento muito elevada, atingindo a maturidade sexual em até 10 a 18 meses (no caso da Sepia offincinalis). Esses animais têm uma vida útil muito curta, de até 2 anos e investem boa parte desse tempo crescendo e se desenvolvendo. Seguindo essa linha, a I-rex poderia se tornar uma adulta completa e atingir seu tamanho máximo de 15m aos 4 - 5 anos.

 De acordo com o Jurassic World Survive Guide, Indominus pesa cerca de 8 toneladas

- Pele:



A pele da Indominus é resistente e aparentemente á prova de projéteis pequenos, capaz de resistir a tiros de rifles e uma minigun. Isso se deve á pele possuir dobras e placas ósseas com espinhos couraçados que a recobrem  desde a cabeça até a cauda, sendo traços claros herdados dos abelissaurídeos (família de dinossauros de pequeno á grande porte cuja principal característica é a presença de osteodermas e escamas duras na parte dorsal). O DNA do Deinosuchus também pode ter incrementado a couraça da I-rex e talvez até o DNA de crocodilianos atuais, já que vários animais modernos não  mencionados foram incluídos em sua cadeia genética (especulação nossa). 

As placas dérmicas seriam irrigadas por redes de vasos sanguíneos e funcionariam como um verdadeiro painel solar, permitindo máxima absorção de energia para a predadora implacável.

Escamas dérmicas de um jacaré americano

 A cor da pele da I-rex é branca-acinzentada e ela têm a capacidade de mudança de cor devido aos genes de sépia em seu código genético. As sépia são invertebrados, moluscos cefalópodes que possuem células especiais em sua pele chamadas de cromatóforos, permitindo que o animal mude de cor rapidamente, assim como seus parentes polvos e lulas – abordaremos mais sobre sua cor no tópico abaixo.

Animal Zone - Sépia. A sépia, siba, choco ou sépia-comum... | Facebook



 COR E CAMUFLAGEM


Como dito acima, os cromatóforos herdados da sépia determinam a cor de pele da Indominus. Estas células se dividem em grupos, de acordo com a cor que refletem. Os leucóforos por exemplo, são cromatóforos que contém cristais de purina que refletem a luz e dão a cor branca ou prateada, a cor base da I-rex. Os melanóforos por sua vez contém pigmentos que dão uma cor marrom ou escura (como nas fenestras e ao redor dos olhos). Por fim outro grupo de cromatóforos que podemos ver no híbrido são os iridióforos que refletem e absorvem a luz em diferentes comprimento de onda, permitindo que o animal consiga se camuflar e assumir uma cor igual ou parecida com o ambiente onde está. Algumas espécies como o choco-comum (Sepia offincinalis) mudam de cor em apenas um segundo, uma habilidade interesse a ser explorada na I-rex principalmente quando sabemos que ela foi criada para ser um arma biológica para fins militares.

Esquema de camuflagem da I-rex


Além da camuflagem que ajuda a Indominus a se esconder nas florestas da Ilha Nublar, os cromatóforos também ajudariam o híbrido a emitir uma série de cores pulsantes para distrair ou até hipnotizar uma potencial presa ao estilo das sépia. Também poderia emitir cores de alerta para intimidar um rival (coloração apossemática) para parecer maior ou até mesmo indicar que seria um animal venenoso e que deve ser evitado. Esse conjunto de fatores se chama comportamento deimático onde o animal (geralmente presa) exibe essas estruturas que funcionam como um blefe e desencoraja o seu ameaçador. A Indominus poderia utilizar dessa técnica para assustar o tiranossauro na batalha final e assim evitar um confronto onde poderia se ferir gravemente. 


ORGÃOS DOS SENTIDOS

- Visão

A I-rex possui uma excelente visão, com olhos grandes e pupilas verticais. O formato da pupila permite maior foco e precisão de distância da presa, sendo típico de predadores de emboscada. A Indominus possui visão binocular o que aumenta seu campo de visão ao formar uma imagem única captada por ambos os olhos, embora a distância entre seus olhos seja maior em comparação ao T-rex, o que reduz um pouco seu campo binocular. A Indominus também parece ter uma boa visão noturna, dado ao DNA de Velociraptor pois existem estudos sobre a forma ocular desses animais que sugeria hábitos noturnos, embora o DNA de víbora e de crocodilianos também podem ter contribuído.  Assim a I-rex poderia ser uma boa caçadora tanto durante o dia quanto á noite, espreitando por entre a mata e armando a emboscada para surpreender suas vítimas.



- Termorrecepção

Além da boa visão, a I-rex possui uma sensibilidade térmica aguçada detectando o calor emitido pelo corpo das presas, Esse traço foi herdado do DNA de víbora. Víboras como a jararaca e a cascavel têm estruturas chamadas fossetas loreais, que são orifícios localizados ao lado das narinas que detectam o espectro infravermelho e são ligados diretos á neurônios receptores que enviam a mensagem ao cérebro, formando a imagem térmica da presa. Outras serpentes como os pítons e jibóias, têm sulcos nós lábios, que desempenham a mesma função. Na I-rex, essa habilidade lhe dariam uma ótima vantagem na caça, sobretudo durante á noite.



- Olfato

Herdado diretamente do T-rex, o olfato da Indominus permite que ela detecte presas á grandes distâncias. O Tyrannosaurus possuía grandes cavidades nasais e seu olfato poderoso era similar ao dos urubus modernos e poderia localizar uma carcaça há mais de 2 quilômetros. Com um faro tão bom, a I-rex detectaria uma gama amola de cheiros e certamente localizaria Owen debaixo do caminhão na cena da escapada, mesmo ele tendo cobrido o corpo parcialmente com gasolina. É possível perceber no filme que ela usa muito o faro ao espreitar, como um cão farejador, combinando-o com a visão e a percepção térmica para localizar a presa.

- Audição: 

A Indominus também aparenta ter boa audição, detectando os menores ruídos  e é capaz de captar vibrações externas, de forma semelhante  ás serpentes e consegue detectar até o menor objeto, como um celular vibrando (o que levou á cena do ataque da girosfera). Este sentido é extremamente útil e permite que a Indominus perceba inimigos á distância e planeje um ataque, se antecipando á eles.


INVISIBILIDADE TÉRMICA

Outra habilidade natural  deste híbrido bizarro é sua capacidade de camuflagem térmica, ou seja, o animal consegue  modular sua temperatura deixando-a exatamente igual á do ambiente e não ser detectado por sensores infravermelho. Esta capacidade foi herdada do DNA de uma espécie de perereca não revelada que inicialmente foi usado para fazer com que o híbrido se adaptasse á temperatura quente e úmida da ilha durante seu desenvolvimento. Pererecas, assim como todos os anfíbios, são animais ectotermicos e ajustam sua temperatura corporal de acordo com o ambiente que vivem, as florestas úmidas. Algumas espécies de perereca contém em sua pele pigmentos que as ocultam do espectro infravermelho, importante recurso para escapar de predadores como as serpentes que caçam detectando sua assinatura térmica.


Perereca Hyloscirtus palmeri sob luz normal e sobre luz infravermelha (cinza). Note que o calor corporal não é captado pelo infravermelho.

Desse modo a Indominus não ficaria apenas invisível no campo visual mas também no espectro térmico, o que chamamos de camuflagem multiespectral usada até mesmo em veículos e trajes do exército destinados a operações militares. Oculta até mesmo á melhor tecnologia, achar a I-rex pelas matas da Ilha Nublar seria tão difícil quanto procurar uma agulha no palheiro.


COMPORTAMENTO E INTELIGÊNCIA

Sem dúvida é mostrado no filme que a I-rex é um híbrido perigoso e altamente inteligente o que remete o clássico clichê do monstro criado pelo poder da ciência cujas capacidades estão além do que seus criadores esperavam, um Frankenstein do mundo dos dinossauros. A agressividade da Indominus é explicada no próprio filme durante o diálogo do Dr. Wu, seu criador e Simon Masrani, o dono parque, onde Wu explica que e o híbrido era exatamente o que pedira, maior, mais assustador e que não se pode criar tal ser sem as características predatórias correspondentes. Em resumo, Wu esclareceu a Simon que a agressividade da I-rex é resultado dos inúmeros predadores utilizados em seu genoma  (até mesmo o “pacífico” Therizinosaurus herbívoro podia ser potencialmente agressivo para se defender) e seria um resultado esperado. 

De fato há um fundo biológico nisso e tomamos como exemplo o  famoso caso da abelha africanizada que também é um animal híbrido, resultante  do cruzamento de quatro subespécies – variedades selvagens – de abelhas do mel (Apis mellifera) que foi criado intencionalmente no Brasil com o objetivo de conceber uma variedade de abelha resistente, adaptável e que produzisse mel e própolis em grande quantidade. O problema se originou quando esses híbridos escaparam das instalações e se estabeleceram na natureza, se expandido até chegar a América do Norte e seu comportamento é agressivo, contrário ao das abelhas europeias, picando dez vezes mais que as mesmas e podendo perseguir uma pessoa até um quarto de milha, sendo extremamente territoriais e perigosas, causando mais de 1000 mortes desde sua introdução.

Enxame de abelhas africanizadas

A agressividade era planejada na concepção da Indominus, ainda mais por ser um animal que seria destinado á guerra, sendo sua exibição no Jurassic World apenas um pano de fundo para o real objetivo da InGen. Entretanto o principal fator para que a Indominus se tornasse uma fera incontrolável foi o manejo inadequado do híbrido no cativeiro desde seu nascimento. O espaço destinado á exposição muito provavelmente tinha um tamanho pequeno para um animal de seu tamanho e não havia enriquecimento no habitat para que ela exibisse seus comportamentos naturais. O enriquecimento ambiental é algo fundamental para que o animal em cativeiro possa manter sua saúde física e mental e evitar stress e comportamentos indesejados, embora seja difícil aplicar isso á um animal extinto e “ressurreto” por clonagem, ainda mais um híbrido e como ele iria reagir. Somando tudo isso, acabaram por transformar a Indominus numa verdadeira bomba-relógio, prestes á explodir. A única interação positiva que o híbrido tinha era com um guindaste que a alimentava.

 A Indominus era um animal social, pois a maior parte dos dinossauros usados em sua hibridação têm evidências de comportamento social tal como o Giganotosaurus, os abelissaurídeos e dromeossaurídeos, como o Velociraptor e Deinonychus (os raptores de JP). Essa privação da companhia de outro membro da espécie também pode ter contribuído para seu stress psicológico, embora a Indominus tenha cometido um ato de canibalismo, devorando seu próprio irmão ao nascer, traço típico de predadores na disputa pela sobrevivência e bem documentado nós registros fósseis de Tyrannosaurus e Majungasaurus. Crocodilianos atuais também cometem canibalismo e é provável que o extinto Deinosuchus também fosse.

Indominus se comunica com os Raptores

Outra característica da Indominus é sua elevada inteligência, proveniente do DNA de raptor (a explicação oficial), embora o DNA do T-rex também possa ter ajudado, afinal o tiranossauro possuía um cérebro desenvolvido se comprado á outros dinos carnívoros do mesmo tamanho. Curiosamente, apesar de ser uma especulação de nossa parte, o DNA de sépia também pode ter contribuído para a inteligência da I-rex, pois as sépias são invertebrados altamente inteligentes e possuem o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo entre os cefalópodes e algumas como a Sepia officinalis foram treinadas em experimentos para nadar em labirintos e também tem grande capacidade de reconhecimento. 

Com essas características a Indominus desenvolveu uma inteligência acima da média, armando uma cilada em seu próprio recinto e arranhando as paredes para que os funcionários pensassem que ela escalou e escapou, lembrar-se exatamente onde implantaram seu rastreador e removê-lo para que não a localizassem e usá-lo como isca armando uma emboscada para a equipe de contenção que a perseguia. Outro exemplo de inteligência foi reconhecer que haviam humanos dentro da girosfera e tentar quebrá-la contra o chão para retirá-los e devorá-los e a capacidade de se comunicar com os raptores e ordená-los para atacar os humanos. A inteligência faria da I-rex um animal treinável e poderia ser usada para seu condicionamento no cativeiro como também para seguir comandos para atacar durante uma operação militar. No entrando a personalidade arredia da I-rex mostrou que além de desobediente seria um dinossauro indomável, voltando-se seus criadores


No filme é mostrado que ela mata por diversão, o que é exagerado assim como sua inteligência elevada. Praticamente é um animal com instintos predatórios aguçados e que não aprendeu a controlá-los, não sabendo distinguir o tipo de presa que conseguiria ou não caçar, algo que normalmente aprenderia pela tentativa e erro ou seria ensinado por sua “mãe”. Além do instinto descontrolado, a I-rex provavelmente poderia ter um distúrbio mental como consequência da hibridação e aliada a criação inadequada poderia agravar esses comportamentos não-naturais.


PROBLEMAS DA HIBRIDAÇÃO

Apesar do híbrido apresentar características invejáveis a qualquer predador, também poderia apresentar sérios problemas de saúde. A Indominus poderia herdar doenças genéticas dos animais usados em sua criação ou um gene letal que traria a morte do híbrido ainda em seu nascimento ou até mesmo má formações. A infertilidade também é uma consequência, como abordamos anteriormente e o crescimento e metabolismo acelerado em um curto espaço de tempo trariam uma vida curta ao híbrido. Mesmo sendo cuidadosamente planejada, algumas consequências de se criar vida artificialmente são inevitáveis!

Esperamos que tenham curtido nossa matéria, continuem nós seguindo para mais informações sobre o universo dos dinossauros da franquia mais famosa do cinema. Até a próxima galera, aquele abraço da equipe GKD!




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